A propósito dos 10 - pequena resenha sobre os nossos 10 anos de casamento


Hoje ao almoço, o Daniel referiu (meio em jeito de brincadeira, meio a sério!): 10 anos, hoje em dia... não é toda a gente...

Eu ri-me e respondi-lhe o que a minha irmã me disse ontem: já aguentámos mais tempo que a Angelina e o Brad, por isso... (hehehe) Deve ser bom sinal!!! 

Ora bem, sim. Completamos hoje 10 anos de casamento (Parabéns a nós!!! :D). 

Se foi sempre fácil: não foi. Se temos muita sorte: temos. 

A verdade é que, passados estes 10 anos, o coração já não bate forte como batia quando namorávamos. Bastava pensar no Daniel e imaginar o nosso futuro e a minha barriga ficava cheia de borboletas esvoaçantes. Um mundo de possibilidades infinitas, todas elas felizes, um horizonte soalheiro e sem fim se estendia perante a minha imaginação. Enquanto namoramos, damos sempre o melhor de nós ao outro, e recebemos o mesmo; cada encontro é uma novidade e vives em êxtase por estar a conhecer o outro. É uma permanente expectativa boa, certo?! E cada pormenor que descobres ou revisitas - o seu perfume, a forma como te olha ou te toca, a partilha de ideias em relação a determinado assunto... - te traz uma alegria imensa. Tu só vives para ele e ele só vive para ti, é uma entrega mútua em que te esforças para ser a melhor versão de ti. 

Depois casas, e passados os primeiros tempos (que pelo menos no nosso caso foram maravilhosos) passas basicamente a habituar-te a viver com o outro e todo o encantamento inicial fica guardado nas tuas recordações. Quase deixas de te esforçar e de investir... 

Mas eu sou muito chata - sou mesmo. E de vez em quando coloco o dedo na ferida! No outro dia perguntei ao meu marido se ainda se lembrava do que o tinha feito apaixonar-se por mim, ao que ele responde imediata e afirmativamente! (fiquei feliz claro :D)

É difícil manter esta chama (este encantamento), é difícil. Depois dos filhos então!, em que as tuas energias e disponibilidades acabam quase por se consumir no trabalho e no cuidado com os miúdos, é muito difícil que consigamos ver o outro muito mais além do que o colega de casa que usa pijamas pouco sexys, que acorda despenteado e com olheiras, que também faz cocó, que perde a paciência com os miúdos e que não te mostra sempre o seu melhor 'eu' porque está simplesmente cansado ou preocupado com trabalho (isto é válido para ambos). E por isso é preciso perguntar: o que te fez apaixonar por mim? E o que me fez apaixonar por ti? Essas pessoas ainda estão aqui?

Certamente que sim. E depois de perguntar, porque não criar situações em que consigamos de novo encontrar esse outro e esse eu, situações em que nos possamos apaixonar de novo?! Porque não continuar a conversar como fazíamos quando namorávamos, tentando descobrir algo que ainda não soubéssemos, por exemplo? 

Às vezes não apetece pah; e pensas assim: oh, não vale a pena, amanhã falamos (ou fazemos, o que quer que seja)... Mas...

Se não se fizer este esforço de ultrapassar aquilo a que nos habituámos e nos acomodámos, a distância pode aumentar de tal forma que não seja mais possível voltar atrás. Não basta dizer amo-te, muitas vezes isso sai da boca para fora porque simplesmente já estamos tão habituados a dizer! Tenho que sentir que te amo, todos os dias, tenho que te mostrar isso. Não basta ter percebido que te amava em determinado momento da nossa caminhada, tenho que reviver isso todos os dias. 

Para terminar, a vida com filhos pequenos tem tanto de maravilhoso como de desgastante para o casal... é muito bom quando o amor e a ligação são fortes antes de virem os miúdos, porque inevitavelmente a vida muda e, como dois barquinhos que saem da foz e partem para alto mar, a distância entre os dois pode aumentar até ao tal ponto incontornável. 

PS: há 10 anos atrás, fomos sem dúvida os miúdos mais felizes do mundo. Temos muita, mesmo muita sorte, e agradecemos todos os dias a Deus por termos encontrado o amor, correspondido, e pelos 3 miúdos maravilhosos que esse amor nos deu. 

PS2: serem chatas/os é bom, pelo menos connosco resulta! Eu nunca deixo nada por dizer, de bom ou de mau, sou transparente e sincera, e se há coisa que retive algures no tempo foi: nunca se deitem sem resolver as divergências. Acreditem, nas relações vale a pena investir em ser chato! Às vezes só assim se desfazem mal entendidos e só assim conseguiremos dormir sempre tranquilos lado a lado.

PS3: venham mais 10!   


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